Monday, August 7, 2023

Do campo às passarelas: O mundo da moda em sua 'athletic' e 'genderless' era

 Depois de Wimbledon e em meio à Copa do Mundo de Futebol Feminino, o mundo da moda se encontra mais uma vez frente à frente com os esportes, algo que foi visto lá em 2022, nas vésperas da Copa do Mundo de Futebol Masculino, onde as camisetas e uniformes de torcida alcançaram um lugar de destaque no guarda roupa, e nas redes sociais.


                                                                                   @rubylyn_        

Apesar de serem dois grandes pilares culturais, a moda e o esporte nem sempre estiveram completamente alinhados. Por muitos anos, enquanto as roupas esportivas estavam associadas à funcionalidade, a moda era diretamente ligada ao conceito de impraticidade, muitas vezes exemplificado pelo desconforto do tão querido salto alto.

Essa separação entre moda e esporte também derivou fortemente das diferenças, e binaridade, de gênero presentes na sociedade, ressaltando a ideia tradicional de que o interesse pela indústria fashion é pertencente às "mulheres", enquanto os esportes são para "homens". 

É claro que no cotidiano essa disparidade não é tão rígida, e a união entre os dois setores já decorre de alguns anos, mas recentemente a fonte criativa e cultural dos esportes vem sendo cada vez mais reconhecida, juntamente com o avanço da moda genderless (moda sem gênero).

Dessa vez, a designer Martine Rose se juntou com a Nike, apresentando peças livre dos padrões de gênero, visando expandir a moda esportiva e afastar esteriótipos que muitas vezes são ligados à peças de roupa específicas, assim como ocorre com alguns esportes que também acabam sendo definidos por esses pré-conceitos.



"Quando uma mulher veste um terno, isso expressa força, resiliência e beleza", diz Martine. "Quero que as mulheres se sintam poderosas em seus ternos assim como os homens. Além disso, embora eu esteja usando mulheres para contar a história, não há gênero ligado ao terno. Qualquer um pode usá-lo. Espero que um dia não estejamos falando sobre gênero no esporte e estejamos apenas falando sobre o esporte. Quando tudo é reduzido, o que resta é apenas o jogo." - texto completo disponível em: https://about.nike.com/es/newsroom/releases/nike-x-martine-rose-collection-redefines-women-s-football-styling


Além disso, o mês de Julho contou com o anúncio da parceria entre a marca alemã 032c e o clube italiano Juventus, uma coleção em formato cápsula, destacando novamente o lado fashionista de diversos itens que costumamos ver nas arquibancadas, agora ocupando as páginas de revistas de moda.


 

"Juventus Football Club x 032c representa uma poderosa convergência de esporte, moda e cultura. O Juventus Football Club e o 032c estão entusiasmados por embarcar juntos nesta jornada e convidam todos a se juntarem a eles para celebrar esta edição limitada." - na íntegra: https://032c.com/magazine/juventus-fc-x-032c 


E não para por aí, após observarmos os looks da Ralph Lauren no Wimbledon, marca responsável pelas roupas do mais antigo torneio de tênis do mundo desde 2006, transformando-o em sua própria quinzena de moda junto de alguns dos maiores nomes da indústria, como Alexa Chung...



As Olimpíadas de Paris de 2024, e as Paraolimpíadas, já prometeram seguir o mesmo padrão, uma vez que o LVMH, um conglomerado francês que representa algumas das maiores grifes de luxo da atualidade, como Louis Vuitton, Christian Dior, Fendi, entre outras, foi anunciado como um dos principais embaixadores dos eventos. Em uma parceria inovadora, esta união tem como objetivo colocar em destaque as marcas francesas, enquanto incentiva as inovações e caráter inspirador e motivacional dos esportes. 

Agora, há quem diz que essa nova "estética" veio para se opor à queridinha dos anos 2000, a famosa "indie sleaze", que conta com uma certa dose de autenticidade bruta, celebrando um senso de rebeldia e individualismo, enquanto a moda esportiva destaca um estilo de vida focado na vida ativa e bem-estar. 

Sim, o contraste entre essas duas estéticas é marcante, e a mensagem transmitida por elas também, mas ambas são responsáveis por representar maneiras distintas, e igualmente relevantes, de se expressar e se relacionar com a moda, evidenciando ainda mais o reflexo do nosso cotidiano nas peças que escolhemos utilizar.


Tuesday, December 20, 2022

A moda e o K-POP: As mudanças no meio de comunicação das grifes na era digital

(Texto publicado originalmente no http://www.trckstage.com/2022/12/a-moda-e-o-k-pop-as-mudancas-no-meio-de.html em 20/12/2022)


New York Fashion Week #PeterDoSS23: @THE.PETERDO x @SMTOWN

O K-pop, que segue em acensão ao redor do mundo, tornou-se uma das maiores referências globais não só no contexto musical, mas também na moda. Aproveitando essa influência do K-pop, e seu impacto no mundo contemporâneo, grifes como Louis Vuitton, Chanel, Burberry, e mais, escolheram como embaixadores os maiores nomes da indústria sul-coreana, marcando a presença na mídia e nas redes sociais.

Sendo um dos desfiles mais esperados entre as coleções de Primavera/Verão, Peter Do marcou o início da semana de moda de Nova York, com a colaboração entre a marca e a SM Entertainment, considerada uma das Big 3 no K-pop.

No dia 13 de setembro, se tornando o primeiro idol sul-coreano a abrir um desfile na NYFW. Jeno, integrante do NCT, inaugurou a primeira coleção masculina de Peter Do, seguido dos SMRookies: Shohei e Eunseok.

K-pop nas passarelas



Em 2020, o rapper e integrante do grupo WINNER (YG Entertainment) foi o primeiro idol a desfilar nas passarelas da Paris Fashion Week, a convite da Louis Vuitton.

A marca se aventurou novamente com o K-POP, quando a grife de Virgil Abloh se juntou aos então embaixadores, os membros do grupo BTS, para realizar o spin-off do desfile da coleção masculina de Outono/Inverno da FW21.

A transmissão contou com mais de 500 mil pessoas assistindo o desfile ao vivo, e alcançou o primeiro lugar nos assuntos mais comentados do Twitter, evidenciando ainda mais a mudança no meio de comunicação das grifes de luxo.

O contato do grupo BTS com a moda não parou por aí. Em Janeiro de 2022, os integrantes foram capa das edições especiais das revistas GQ e Vogue Korea, em conjunto com a Louis Vuitton. Também, em 2022, V (Kim Taehyung), ocupou a primeira fileira do desfile da Celine na Paris Fashion Week, ao lado do ator sul-coreano Park Bogum Lisa, do BLACKPINK.

Lisa, que já havia desfilado no desfile de Inverno da Celine, também em 2022, ocupa, ao lado do restante do BLACKPINK, um lugar de destaque no mundo das grifes. A maknae do grupo, foi anunciada embaixadora global da Celine em 2020, enquanto Jennie é embaixadora da Chanel desde 2017 A mais velha, Jisoo, é embaixadora da Dior desde 2021 e Rosé, que havia sido anunciada como embaixadora global da Saint Laurent em 2020, agora ocupa, também, a mesma função com a renomada Tiffany & Co's, dando continuidade à estratégias das grandes marcas de se aproximarem das novas gerações.


Friday, November 11, 2022

Padrões de Gênero e Estereótipos no KPOP: O gender gap entre Boy Groups e Girl Groups

(Texto publicado originalmente no http://www.trckstage.com/2022/11/padroes-de-genero-e-esteriotipos-no.html em 11/11/2022)

Acostumados com o padrão de beleza ocidental, reproduzido, principalmente, através de artistas norte-americanos e europeus, o mundo se viu diante de um fenômeno chamado k-pop, crescendo cada vez mais nos charts, após forte influência do grupo BTS.


Em contraste com o que se via frequentemente nos palcos, sete rapazes sul-coreanos começaram a marcar presença na western media com seus cabelos coloridos e maquiagem, conquistando cada vez mais fãs ao redor do mundo.



Masculinidade Suave

Seria impossível, e evidentemente incorreto, afirmar que os meninos do BTS vem sendo os únicos responsáveis por revolucionar a moda e os esteriótipos masculinos, afinal diversos artistas LGBTQIA+, e outras personalidades também dentro do k-pop, vem buscando essa quebra há anos.

Ainda assim, é inegável o impacto do grupo no mundo atual, fazendo com que as pessoas não pudessem mais ignorar essa mudança nos visuais da indústria musical.

Por possuir uma grande visibilidade, o grupo acaba marcando uma grande presença no processo de desconstrução, por exemplo, ao protagonizarem photoshoots e conceitos com saias, além da maquiagem que ajuda a compôr suas criações e performances, e também faz parte da rotina, andando lado a lado com os produtos de skincare presente no cotidiano dos artistas e frequentemente compartilhados com os fãs.




Um exemplo mais recente foi o Photo-folio protagonizado por Park Jimin, em que o artista expressou os diferentes lados de si mesmo, utilizando a maquiagem para evidenciar ainda mais a diferença entre suas personas, como foi o caso do capítulo denominado “Cor ; Liberdade”. (Você pode conferir a análise completa do Photo-folio aqui)


É claro que ainda falta um longo caminho para a quebra dos estereótipos e normas de gênero na sociedade, e, apesar da grande quantidade de idols desafiando esses conceitos na Coréia do Sul, é importante mencionar que isto é apenas uma parte da luta.

A Representação Feminina no K-pop

As mulheres do ramo continuam vítimas de uma série de padrões de beleza inalcançáveis, uma vez que a indústria, e o público, as pressionam constantemente para a utilização de roupas “over-sexualized”, além da cobrança em cima do corpo das artistas.

No caso do k-pop, as mulheres costumam receber muito mais comentários e críticas a respeito da sua aparência e escolhas, em comparação aos homens, sendo retratadas como bonecas impecáveis, uma consequência da objetificação do corpo feminino.



Essa diferença está presente inclusive nas atividades dos girl groups, que acabam se tornando mais estereotipadas como consequência do prazo de validade imposto, uma vez que para a indústria, as integrantes dos grupos femininos são vistas como rostos bonitos, que serão rapidamente substituídos por uma versão mais jovem.

Os conceitos muitas vezes girados em torno da hiper sexualização e infantilização feminina é fruto do male-gaze, e a necessidade de atender a fantasia do olhar masculino de que as mulheres mais jovens são as mais desejáveis, e, apesar de alcançarem um grande sucesso, muitas vezes não possuem um processo criativo de mesma profundidade, como ocorre com os boygroups, de modo que essa liberdade acaba sendo uma exceção.

O que foi o caso de Moonbyul, do Mamamoo, que em seu projeto solo de 'Eclipse' contou com uma coreografia semelhante às encontradas nos trabalhos de boy groups, juntamente com os dançarinos de apoio, e visuais com tons neutros, ao invés das cores vibrantes que costumam aparecer nos cenários dos girl groups.


Na maioria das vezes, as artistas se encontram no lado oposto da quebra dos padrões, tendo sua liberdade de criação e de se expressarem fortemente reduzida para se encaixarem nos termos da indústria, evidenciando que ainda há uma grande necessidade de mudança e evolução nesse meio - algo que vem acontecendo aos poucos, por influência de grandes nomes que vem conquistando cada vez mais o seu espaço.

Friday, November 4, 2022

“HA HA HA” a risada que levou Harry Styles dos palcos pra vitrine da Gucci

(Texto publicado originalmente no http://www.trckstage.com/2022/11/ha-ha-ha-risada-que-levou-harry-styles.html em 04/11/2022) 


    (Foto/Reprodução: Instagram @gucci)

 Um dos destaques no mundo do show business pós pandêmico, em 2022, tem sido o desfile de moda que vem acontecendo nos shows do Harry Styles.


Desde o momento em que iniciou sua carreira solo, o cantor veio alcançando posições de destaque entre os fashionistas, por seu estilo inovador e fora dos padrões comumente visto na indústria ocidental. Por essa razão, não foi surpresa para ninguém quando os próprios fãs, com o início da turnê, começaram a utilizar este espaço para se expressarem.



(Foto/Reprodução: Pinterest)


Transformando diversos estádios ao redor do mundo em uma passarela repleta de brilho e cores, a Love on Tour, contradizendo a base minimalista por trás de nomes como Coco Chanel, mostrou que quanto mais, melhor!

De plumas à chapéu de cowboy, ou até cosplays de roupas utilizadas anteriormente pelo cantor, os fãs se tornaram o destaque do evento, mostrando que o show não acontece só no palco, mas na pista também.

Dando mais um passo em direção ao mundo das grifes, Harry Styles protagonizou, em junho de 2022, a coleção "HA HA HA" em união com a Gucci de Alessandro Michele, que nesta última quinta-feira (3) ganhou mais um lançamento, denominado pela marca como ‘roupeiro dos sonhos'. 




Seguindo os conceitos já vistos em videoclipes e looks do cantor nos palcos, a coleção apresenta o conceito de que “As roupas são vestidas, combinadas com acessórios surpreendentes, deixadas de lado, e amontoadas num jogo de fantasias", segundo o comunicado. 

O cantor, já conhecido por desviar-se do convencional, destacando uma vaidade masculina repleta de diferentes cores e combinações, declarou: “Estou muito feliz de ver o projeto finalmente ganhar vida. Conheço o Alessandro há anos e ele sempre foi uma das minhas pessoas favoritas. Sempre me sinto inspirado ao vê-lo trabalhar, então fazer essa parceria com meu amigo foi muito especial para mim”.




Capturada por Mark Borthwick, a campanha conta com uma estética vintage, e certamente clássica, mas sem deixar de evidenciar uma liberdade de expressão vanguardista caracterizando o individualismo que acompanha cada peça de roupa, como pode ser visto no trailer promocional:


   


Lembrando que a Love On Tour vai passar pelo Brasil no mês de Dezembro, com shows em Curitiba e Rio de Janeiro, como também três datas na capital paulistana.

Tuesday, March 29, 2016

BATE-PAPO COM: ISA SCHERER sobre FACULDADE DE MODA





Semana passada eu estava olhando o blog da minha xará, Isabella Scherer, e decidi mandar um email para ela perguntando se eu podia tirar algumas duvidas sobre faculdade, ela foi um amor de pessoa!!

Conheci o trabalho da Isa na primeira temporada da Websérie It Girls da Capricho em 2011 e desde então sou apaixonada pelo estilo dela que, convenhamos, é maravilhoso, e por ter ela como uma das minhas inspirações fiquei muito feliz com a ideia de poder ter esse papo com ela.. Pra quem não sabe, ela, alem de blogueira e youtuber, faz faculdade de moda, mas por enquanto trabalha como atriz e faz parte da série Que Talento! do Disney Channel. 


Espero que esse post ajude alguns de vocês que tem duvidas sobre a faculdade e gostaria de agradecer novamente à Isa pela oportunidade!!! <3


1: Mesmo já gostando de moda, você sempre teve certeza de que este era o curso que você iria cursar? Caso não, quais eram as outras opções?


"Eu sempre quis fazer moda, desde que me entendo por gente! Mas ai foi chegando perto do vestibular, foi dando aquele desespero e até cogitei fazer jornalismo.... Mas acho que mão durou mais que duas semanas essa ideia! Haha. "


2: Como foi o vestibular? Voce o prestou para quais faculdades? 

"Eu sempre soube que queria fazer FAAP, já tinha pesquisado e a grade de aulas me agradou muito! Então prestei só para ela. A faculdade é muito boa, mas como é particular é fácil de entrar. "


 3: Quanto tempo dura o curso?

"4 anos!!"


 4: Teve alguma coisa que te decepcionou?

"Aaaah, sempre tem aquela matéria que você odeia! Mas no geral, pensando de cabeça fria, nada me decepcionou!"


5: Você pretende trabalhar no que? (Estilista, jornalismo, figurino, modelagem….)

"Na verdade eu sou atriz! E pretendo continuar... Se der errado, dai vou partir pra moda! Hahaha. Mas com certeza ainda vou ter minha própria linha de roupas ou acessórios, nem que seja paralelo!"


 6: Como é a rotina no curso?

"É bem cansativa, temos muito trabalho pra fazer. E quase todas as aulas são práticas, então não tem como deixar pra estudar na última hora, por exemplo! Você tem que ir adiantando os trabalhos praticamente todos os dias."


7: 3 características (pré-requisitos) que você acha que são necessárias em quem pretender cursar moda

"Tem que gostar de desenhar. Não precisa saber desenhar, mas tem que pelo menos ter vontade de aprender. A gente tem que desenhar muito! Eu que gosto muito e já sabia e desenhar fico de saco cheio.... Imagina alguém que não gosta! Inclusive uma amiga minha trocou de curso por esse motivo." 


8: Como é o mercado de trabalho?

"Olha, eu não sei porque faço o curso mas trabalho em outro ramo... Mas pelo que eu escuto, não é muito fácil o mercado não!" 


 9: Você acha que, para quem tem interesse em ser jornalista de moda, vale mais a pena fazer moda ou jornalismo?

"Com certeza jornalismo!!!!! Não tem nada a ver alguém que quer ser jornalista de moda fazer design de moda... Eu inclusive entrei na faculdade pensando em jornalismo de moda, acabou que me apaixonei por fazer roupa e deu certo. Mas a gente não aprende nada de jornalismo. Por que a pessoa que pensa em jornalismo não vai ter interesse em criar coleção, cortar tecido, costurar.... Tem que gostar muito disso pra aguentar." 



 10: Se você pudesse dar um conselho para quem está passando por essa fase de escolha da profissão, qual seria?

"Se arrisca! A gente é muito novo ainda... Faz o que tem vontade e se não gostar troca de curso até achar um que ame!!!" 



Espero que vocês tenham gostado desse post tanto quanto eu gostei de fazê-lo <3 <3 

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